quarta-feira, 29 de abril de 2009

Bunker escuro e morto
Árvores secas e tortas
Tinta descascando
Um camaleão em preto e branco

Eu não estou aqui e isto não está acontecendo

Ruínas de um hotel
Águas trêmulas numa banheira
Uivos esquecidos no vento
Berço caído, chão liso, aço frio

Não deixarei que isto aconteça com minhas crianças

Seco
Dissecado
Empalhado

Eles chupam sangue jovem

Não há chuva para sua arca
Nunca chegaremos à lua

Minha cabeça é um rádio
Apenas retransmitindo

Es.....t.....at.....
...i................
.......c.....a......
...............

terça-feira, 21 de abril de 2009

O Caolho na Terra dos Cegos

Muitos repetem sem pensar, que ele seria um rei. Não poderiam estar mais errados. Na terra dos cegos, não existe pior maldição que ser caolho. Ele, que pretenciosamente julga ter uma percepão mais avançada, lúcida e racional, se encontra completamente sozinho. Para ele existe um mundo de cores, luz e escuridão. Os cegos, ignoram completamente tais fatos. Para eles o mundo é de texturas, sons e cheiros, que o caolho jamais perceberá com a mesma intensidade.

Ele tenta, desesperadamente, fazer com que os cegos entendam sua percepção do mundo. Mas a única coisa que lhes causa, é extrema dor. Não por não verem, algo que é incompreensivel na sua condição. Mas pelo fato de ele mesmo não poder sentir e escutar como eles, aceitar a realidade verdadeira da terra dos cegos.

Ainda assim percebe o caolho, que sua visão é defeituosa, não encherga claramente, tem limitações. Não importa o quanto tente, não consegue ver perfeitamente. Por fim ele constata, para seu desespero,que não existem óculos na terra dos cegos.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Escuridão

Eu quero a escuridão
A densa massa negra
Que aguarda ansiosa
Por iluminação

Eu quero a virgindade
Intelectual e sensorial
Eu quero a idealização
O romantismo

Eu quero o medo
A incerteza
Eu quero expectativas
Descobertas

Esta penumbra me angustía
Quero de volta, o completo breu
A cegueira
Os passos vacilantes

Eu quero a esperança
De que amanhã sera melhor
Não este conformismo
De que não há sentido

Eu quero uma noite negra
Com pontos respingados
Ou nuvens fantasmas
Uma noite que me faça sonhar