terça-feira, 30 de junho de 2009

Medo, segregação e imobilidade

O inferno são os outros, os outros são os diferentes, os inferiores, os perigosos. Nós somos os poderosos, os dominantes, os abastados. Nós tememos os outros.

A contínua luta de classes, classes que se dividem em razão de fatores econômicos, políticos, sociais e religiosos. Luta de classes que é parte inerente do que chamamos de sociedade.

A população se espreme cada vez mais no espaço urbano, empulera-se em edificios enormes. Aperta-se em espaços reduzidos. Aninha-se em seus buracos e não os deixa enquanto não houver necessidade, é muito perigoso lá fora.

Quem tem chance escapa, deixa de viver em uma toca elevada para se guarnecer dentro de uma fortaleza coletiva. Criam seu mundinho particular onde não há violência nem inconvenientes. Vindos do outro lado do muro ou do noticiário, ecos de tiros e gritos.

Os muros antes invisíveis, porém bem conhecidos, tornam-se físicos. Nós tememomos os outros, então nada mais lógico do que nos trancarmos em prisões particulares. Do conforto de nossa cela, esbravejamos cegos contra o muro de Israel / Palestina ou dos EUA / México.

Aos ecos de tiros somam-se agora o de explosões, mas que se foda, aqui dentro está confortável. Espere, que sangue é esse que escorre rua adentro? Vai nos contagiar! Que absurdo, tomemos uma providência. Assembléia, votação. A solução? Brutamontes vestidos de preto com adoráveis caveiras sinistras à adornar seus quepes.

Mudar por que? Se tem por quê não tem como. E assim a máquina vai girando. Dinheiro, é tudo por dinheiro.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Quem somos nós?

Esta extensão do ocidente, resultado do espírito aventureiro, da exploração, da miscigenação. Somos, europeus, africanos, asiáticos, índios...

Conformados religiosos? Religiosos conformados?

Originais? Ou moldados à matriz dos ideais estrangeiros?

Sob uma bandeira nacional, se extende uma massa desigual.

Quem sou eu entre nós?

Viajante das idéias, das conversas, da música. Construíndo e destruíndo o ser, em busca de uma identidade própria, singular. Rejeitando os hinos e as ideologias. Buscando uma vida aprazível.

O nós se faz necessário, na aprovação e no questionamento, o nós também sou eu.

Nós é ao mesmo tempo o mundo e a sala. E eu, estou inserido nos dois.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O lamento desesperado de aviões apressados
As linhas que se cruzam no tempo e no espaço
Destinos ignorados pela rotina impensada
Acaso que guia vidas sem compasso
Quem foi que se perdeu?
Deixou de existir no pensamento
Já faz tanto tempo
Nem na memória o alento
Amnésia? Desatenção
A vida sem coração
Não pulsa
Não sente
Espera dormente
Por algo que lhe aqueça
Passivo, idiota
Não merece nem esmola
Levanta, corre, explode
Que por vias abandonadas
O sangue há de fluir