domingo, 15 de março de 2009

Durante a Madrugada

Na madrugada de um dia passivo
Minha existência se confronta
Os entulhos se amontoam
Com sonhos destruídos

A tristeza esperada
De uma alma solitária
Que se eleva momentaneamente
Para depois cair mais fundo

Todos os bons momentos
Que me trouxeram felicidade
Cobram agora sua taxa
Na mesma intensidade

Este é preço da ilusão
O que é o real?
Sou eu mesmo que estou aqui,
Carregando esta vida inútil?

Não responda!
Você não sabe de nada
Nem eu mesmo sei
Sei só que não me encaixo

O que vou fazer?
Para onde vou?
Agora vou até a janela
Respirar fundo e voar

Aproveitar o momento
De falsa liberdade
Antes que me prendam
Me amarrem e me tragam de volta

As amarras são de arame farpado
Já lutei em pânico e fúria
Inútil! Só me feri
Estou domado, não posso mais fugir

sexta-feira, 6 de março de 2009

Paixões

Conheci muitos apaixonados
Por mulheres
Por idéias
Por dinheiro
Por prazeres

Todos determinados, absortos, cegos
Felizes em suas alienações, afirmados em suas razões

O sentido não existe, e minha única paixão
Encontro na retórica desta afirmação
No seu decorrer ela mesma perde a coerência
É a mesma satisfação da demência
Um circulo infinito
Um redemoinho
Que me suga pelo ralo
E me joga no vazio
Onde não há verdade
Nem mentira
Nem extase
Nem agonia
Apenas a consciência da ilusão

Ilusão que não diferencia um faminto desnutrido de um intelectual deprimido
Um prato de comida ou uma constatação genial, o resultado é o mesmo:
Satisfação

Nisso se resumem as paixões
Hedonismo
Mascarado, quase imperceptível
Até na submissão à espectativas
E em atitudes altruístas

Mas eu não consigo, prefiro ser um descrente fodido, que um alienado entretido


Há ! Até parece ! Garçon me vê mais uma cerveja, que a cabeça tá começando a fluir...