terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Revolução Pessoal

Estude
Trabalhe
Compre um carro
Case
Compre um apartamento
Tenha filhos
Tenha netos
Morra
Vá para o céu

Assim que aprendi a entender as palavras, fui bombardeado com milhares de regras, conceitos, tradições e verdades absolutas. Minha mente de criança não foi capaz de filtrar tudo que me era vomitado. Primeiro os pais, depois o pastor, a televisão, a escola. Sem capacidade de questionamento engoli tudo e aceitei cegamente. Tinha fé para mover montanhas, mas elas não se moviam. Mesmo assim o padrão era mais forte, ridicularizava os diferentes, não aceitava outros pensamentos, me irritava com quem discordava da verdade.

Veio a adolescência, hormônios em turbulência, dúvidas crescentes, rebeldia inerente. Mandei tudo à merda, não tinha alternativas, mas tudo que tinha aceitado até então não podia ser verdade, logo nos primeiros questionamentos tudo desabou, não podia mais viver sob aquelas mentiras. Desta revolta não se criou nada de imediato, apenas negação. O processo de quebra dos paradigmas foi lento e difícil, muitos medos me foram impostos, muitas explicações fáceis apresentadas, tudo massificado, incontestável, absoluto. Opor-se ao poder consolidado e fortalecido só leva à derrota. Esta aceitei, me entreguei a danação, já podia ouvir as sirenes da policia do karma.

O corpo cresceu e a mente amadureceu, muitas idéias trocadas, muitas páginas folheadas, muitas experiências vividas, muitas pessoas conhecidas. Cada vez mais questionamentos surgiam, mais temas a serem discutidos, mais inconformismos, cada vez mais inquietação. Aprendi que quanto mais se procura menos se sabe, quanto mais se estuda menos se entende, quanto mais se critica mais dúvidas surgem. A renúncia de paradigmas não resulta necessariamente na criação de outros...

...neste vazio ideológico tenho vivido.

Um comentário:

Sujeito da camisa listrada disse...

não é se eu quero usar, é se você quer que eu use

o acaso não decide tudo
e
não se entristeça
nem existe mais ideologia