quinta-feira, 21 de maio de 2009

Novamente olhos ao chão e fumaça à boca, dessa vez estático. Observava os ladrilhos e as folhas secas abaixo dos meus pés. Gradativamente fui me aconchegando ao ambiente, a fumaça, sempre presente, dava a atmosfera contemplativa, e eu fitava apenas o pequeno espaço abaixo de mim.

Suavemente, através dos olhos embaçados, percebi uma tímida movimentação. Pequenos pontos pretos piscavam aqui e lá aleatoriamente. Forcei um pouco a visão para voltar ao mundo real das imagens e constatei sem surpresa que formigas seguiam seu caminho alheias à minha presença.

Seres mínimos, orientadas pelo rastro deixado por outros de sua espécie, para mim pareciam estupidamente perdidas. Carregando fardos enormes sem realmente saber o por quê. Imaginei uma interação no seu mundo particular, bagunçar sua orientação esfregando tabaco em seu caminho. Com certeza tal fenômeno sería catastrófico em seu pequeno mundo. Vagariam tontas em busca da via perdida, sem largar o seu fardo, a espera que uma semelhante lhes conduzisse na direção correta. Completariam sua tarefa e a repetiriam novamente.

Que seres idiotas, pensei. De um lado para o outro sem parar, sem pensar, sempre a ignorar e continuar, que vida miserável! Num suspiro de piedade levantei os olhos e observei o meu redor, vi passando por mim homens, de um lado para o outro, sem parar, sem pensar, sempre a ignorar e continuar.

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